sábado, 8 de agosto de 2009

A energia nos relacionamentos

Na mensagem do Fio D'Alma deste mês queremos falar da obra de Bert Hellinger, o criador da Terapia Sistémica, cujo instrumento mais conhecido são as Constelações Familiares. O trabalho deste autor, embora possa ser polémico, é dotado de uma relevância e de uma sabedoria profundas.

No seu livro A Simetria Oculta do Amor, Hellinger foca-se na energia de amor que flui em todos os relacionamentos humanos, fluxo este que pode ser oculto ou inconsciente aos nossos olhos, quando o experienciamos envolvidos nos turbilhões que, por vezes, são as nossas vidas.
A obra deste autor desperta-nos o olhar sobre os princípios puramente energéticos que estão por trás de todas as relações humanas, ajudando à sua percepção e compreensão.

Assim, aproveitamos esta mensagem para partilhar convosco algumas ideias que consideramos serem importantes para todos os que ambicionam a felicidade intensa, mas pacífica, nos seus relacionamentos com os outros:

«Os relacionamentos, bem como nossas experiências de culpa e inocência, começam com o dar e o receber. Nós nos sentimos credores quando damos e devedores quando recebemos. O equilíbrio entre o crédito e o débito é a segunda dinâmica fundamental de culpa e inocência nos relacionamentos. Favorece todos os relacionamentos, pois tanto o que dá quanto o que recebe conhecem a paz se o dar e o receber forem iguais.» (p.31)

«O terceiro e mais belo caminho para a inocência no dar e receber é o contentamento que se segue a uma troca total, quando damos e recebemos plenamente. Essa troca é o cerne de todos os relacionamentos: o dador recebe, o recebedor dá. Ambos são doadores e recebedores ao mesmo tempo.» (p.33)

«Para a inocência, não importa apenas o equilíbrio entre o dar e o receber, mas também o seu volume. Um volume pequeno de doações e recebimentos traz pouco proveito; um volume grande torna-nos ricos. O dar e receber em larga escala traz consigo um sentimento de abundância e felicidade. (…) Graças a esse intercâmbio em larga escala, sentimo-nos leves, livres, justos e contentes.» (p.33 e 34)

No entanto, «em certos relacionamentos, a discrepância entre dador e recebedor é insuperável; entre pais e filhos ou entre professores e alunos, por exemplo. Pais e professores são, basicamente, dadores; filhos e alunos, recebedores. (…) os pais já foram filhos, os professores já foram alunos. Eles encontram o equilíbrio entre o dar e o receber quando passam à próxima geração o que ganharam da anterior. Os filhos e os alunos devem fazer o mesmo.» (p.34)

«Expressar gratidão autêntica é outra maneira de as pessoas que dão mais do que recebem alcançarem o equilíbrio entre as duas acções. (…) Pela gratidão, afirmamos não apenas o que damos uns aos outros, mas o que somos uns para os outros.» (p. 35)

«Nenhuma troca significativa ocorre entre parceiros que se recusam a passar por desequilíbrios periódicos. (…) Logo que se alcança o equilíbrio, o relacionamento pode ser completado ou renovado, alimentando-se de novas trocas. (…) Se um recebe sem dar, o outro logo perde o desejo de dar mais. Se um dá sem receber, o outro logo perde o desejo de receber mais. As parcerias também se rompem quando um dá mais do que o outro pode ou quer retribuir. O amor limita o dar segundo a capacidade de receber, assim como limita o receber segundo a capacidade de dar. Isso significa que a necessidade de equilíbrio entre o dar e o receber limita ao mesmo tempo o amor e a parceria. (…) Todavia o amor também governa o equilíbrio. Quando um parceiro faz algo que molesta o outro, a pessoa ferida deve replicar com uma acção que cause dor e dificuldades parecidas a fim de preservar o equilíbrio entre o dar e o receber - mas de um modo que não destrua o amor. Quando a pessoa ferida se sente demasiadamente superior para replicar segundo as exigências do amor, o equilíbrio torna-se impossível e o relacionamento ameaçado. (…) Se o parceiro ferido quiser fazer-se igualmente culpado, devolvendo parte do dano, será possível ao casal retomar o relacionamento.» (p. 36 e 37)

«Se um dos parceiros insiste no monopólio da inocência, não há fim para a culpa do outro e o amor fenece. (…) O amor exige que tenhamos coragem de nos tornarmos convenientemente culpados.» (p. 39)

Se estas ideias nos chocam, se nos deixam a pensar, se nos causam alguma sensação de estranheza ou desconforto, é porque despertam partes da nossa verdade, que tantas vezes permanece oculta aos nossos olhos. Nesse caso, resta-nos aproveitar a oportunidade para nos conhecermos melhor e aplicar esta nova consciência nas nossas relações com os outros. Afinal, este será sempre o principal cenário da nossa aprendizagem.

Recomendamos a todos esta leitura e desejamos um Caminho abundante e pleno!

in Fio D'Alma nº 7, Agosto 2009

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